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Mentiroso, Lunático ou Senhor é um dos nomes de um dos argumentos "informais"[nota 1] para a existência de Deus do falecido apologista cristão C. S. Lewis. É usualmente citado como um exemplo de falsa dicotomia.[1]

O argumento, também chamado de Trilema de Lewis[2], não possui um efetivo lógico geral que se estenda a todos e tampouco segue a ordem de ação de muitos outros argumentos (como o cosmológico e o ontológico), que consiste em "tirar Deus do nada", possibilitando assim que um descrente torne-se crente, mas só é válido para alguém que já acredite na existência de Jesus como figura histórica e naquilo que a Bíblia diz. Foi nesse contexto que Lewis escreveu em seu livro Cristianismo Puro e Simples:

"Eu estou aqui tentando prevenir que alguém diga uma coisa realmente idiota que pessoas usualmente dizem a respeito dEle: Eu estou pronto para aceitar Jesus como um grande mestre de moral, mas eu não aceito a sua afirmação de ser Deus. Isso é uma coisa que nós não podemos dizer. Um homem que era apenas um homem e que disse o tipo de coisas que Jesus disse não seria um grande mestre de moral. Ou ele seria um lunático - ao nível com o homem que diz ser um ovo escalfado - ou então ele seria o Diabo do Inferno. Você precisa fazer a sua escolha. Ou esse homem foi, e é, o Filho de Deus, ou então um homem louco ou algo pior. Você pode tê-lo por um tolo, você pode cuspir nele e matá-lo como um demônio ou você pode cair aos seus pés e chamá-lo Senhor e Deus, mas não vamos vir com nenhuma bobagem paternalista sobre ele ser um grande mestre humano. Ele não deixou isso aberto para nós. Ele não intencionava isso. ... Agora me parece óbvio que Ele não era nem um lunático nem um demônio: e consequentemente, por mais estranho ou assustador ou improvável que possa parecer, eu tenho de aceitar a visão de que Ele era e é Deus." [3]

História[]

Formulação[]

Embora as palavras de Lewis deixem bem explícitos que o argumento só é válido para aqueles que acreditam nos textos bíblicos como fontes históricas (por exemplo, os muçulmanos), a sua formulação esconde este fato.

Estrutura formal[]

De acordo com a wikipedia[1], a estrutura formal do artigo é como se segue:

  1. (P): Jesus afirmava ser Deus.
  2. (Q): Uma das seguintes afirmações precisa ser verdadeira:
    1. Lunático: Jesus não era Deus, mas acreditava que ele era.
    2. Mentiroso: Jesus não acreditava que ele fosse Deus, mas falou como se o fizesse.
    3. Senhor: Jesus é Deus.

Destas premissas, é afirmado, segue-se que:

(C): Se Jesus não era Deus, Ele não foi grande nem moral.[1]

Esta formulação segue a linha de pensamento daquele que apresenta o argumento, no caso Lewis.

Outras formulações[]

Outras versões do argumento também já foram propostas. Apesar delas afirmarem, no final, a mesma coisa, o modo como elas o afirmam pode gerar diferentes observações e refutações.

Versão cética[]

Esta versão segue a mesma formulação formal só que vista do ponto de vista daquele que é o cético que, segundo Lewis, argumenta que não aceitará que Jesus é Deus:

Trilema (T): Uma das seguintes proposições precisa estar correta:
  1. Jesus errôneamente acreditava que ele era Deus.
  2. Jesus deliberadamente tentou enganar as pessoas afirmando que ele era Deus.
  3. Jesus era (e daí, é) Deus.
Ceticismo (S): Jesus não era Deus (no caso, essa é a afirmação que o cético do qual Lewis fala apontaria)

Logo,

Conclusão (C): Ou Jesus (1) não era um grande mestre de moral ou (2) Jesus era imoral (e daí contradizendo-se com o ser um grande mestre de moral).
Em outras palavras, se Jesus não era divino, então ele certamente não era um "grande mestre de moral", dessa forma sendo demonstrado o absurdo que é reconhecer a grandiosidade de Jesus (como um mestre de moral) mas não divindade (como Deus).

Iron Chariots[]

A Iron Chariots Wiki expõe o argumento da seguinte forma:

Premissa 1: Jesus fez algumas afirmações.
Premissa 2: Estas afirmações são de uma natureza que trazem algumas implicações acerca do seu caráter, i.e., ele necessariamente era:
a. Lunático: Jesus não era Deus, mas ele erroneamente achava que fosse;
b. Mentiroso: Jesus não era Deus e sabia disso, mas ele afirmou que era de qualquer forma;
c. Senhor: Jesus estava dizendo a verdade e, portanto, era/é Deus.
Premissa 3: Através de um processo de eliminação, podemos excluir as possibilidades de que ele era lunático ou mentiroso
a. Evidência existencial
b. Evidência textual
c. Evidência histórica
Conclusão 1: Logo, Jesus era/é o Senhor e Deus em forma humana.

Nota-se que esta formulação do argumento, sobretudo na parte da premissa 3, foge um tanto do que Lewis disse. Esta é a formulação que levou Martin Bittencourt a fazer a sua própria versão do argumento, à seguir.

Outras versões[]

As duas formulação de Martin Bittencourt (ainda em revisão) são de acordo como segue:

  1. Segundo a Bíblia, Jesus fez algumas afirmações.
  2. A pessoa "X" aceita que as afirmações de Jesus na Bíblia são verídicas, embora não aceite sua aclamação de que era Deus.
  3. Logo, [para a pessoa "X"] Jesus fez algumas afirmações.
Premissa 1: Jesus fez algumas afirmações (do argumento anterior).
Premissa 2: Algumas das afirmações que Jesus fez foram de natureza moral, dando-lhe a impressão de ser um grande mestre de moral. Todavia, Jesus também fez a afirmação de que ele era Deus.
Premissa 3: As afirmações de Jesus (2) trazem algumas implicações acerca do seu caráter e natureza, i.e., ele necessariamente era:
a. Lunático: Jesus não era Deus, mas ele erroneamente achava que fosse; ou
b. Mentiroso: Jesus não era Deus e sabia disso, mas ele afirmou que era de qualquer forma a fim de nos enganar; ou
c. Senhor: Jesus estava dizendo a verdade e, portanto, era/é Deus.
Premissa 4: Todavia, as duas primeiras alternativas (lunático e mentiroso) são inaceitáveis diante do que Jesus disse, pois
a. Um homem lunático ao ponto de achar-se Deus não diria as coisas que Jesus disse, de modo que é logicamente inviável aceitar que Jesus era lunático.
b. Um homem mentiroso jamais diria as coisas que Jesus disse. Demonstração:
1. Jesus foi um grande mestre de moral (e talvez mais do que isso).
2. Não sabemos se Jesus era mentiroso, a princípio. Todavia, sabemos que Jesus dava ensinamentos de moral, i.e. era um mestre de moral.
3. Um grande mestre de moral não mente.
4. É muitíssimo improvável (e daí descartável) que um mentiroso seja um grande mestre de moral.
C. Segue de (1) com (2) em (3) com (4) que Jesus não era um mentiroso.
Conclusão 1: Logo, Jesus não era nem lunático, nem mentiroso, mas era/é Senhor e Deus em forma humana.
Conclusão 2: Logo, Jesus não era apenas um mestre de moral, mas também era/é Deus.
  1. Nós devemos aceitar as pessoas segundo o que elas são.
  2. É demonstrado que Jesus não foi apenas um mestre de moral, mas Deus; doutra feita aceitá-lo como mestre de moral é ilógico.
  3. Logo, não devemos aceitar Jesus apenas como um mestre de moral; ou aceitamos que Ele também era Deus, ou negamos que Ele era um mestre de moral.
  4. Mas [para a pessoa "X"] Jesus era um mestre de moral.
  5. Logo [a pessoa "X" deve aceitar que] Jesus também era/é Deus.
  1. Jesus existiu.
  2. Jesus disse alegações profundas sobre si mesmo.
  3. Alguém que diz as coisas que Jesus disse sobre si mesmo ou é mentiroso, ou é lunático ou é realmente o que clama ser: Deus.
  4. Alguém que praticou ações morais e deu ensinamentos morais [aos níveis de Jesus] não pode ser nem lunático e nem mentiroso.
  5. Jesus praticou ações morais e deu ensinamentos morais.
  6. Logo, Jesus é Deus.

Criticismo e contra-apologética[]

O argumento de Lewis tem sido visto por muitos como pobre.[4] Segue uma lista com as respostas tradicionais ao argumento.

Afirmações infundadas e falso dilema[]

A grande afirmação contra o argumento é de que não há como sabermos se as frases atribuídas à Jesus na Bíblia são legítimas. Na prática, dizem os críticos mais severos, sequer sabemos realmente se Jesus existiu. O agnóstico estudioso do Novo Testamento Bart Ehrman aponta com a possibilidade de Jesus ter sido uma 'lenda', o que transformaria o argumento num falso dilema (uma falácia), pois estaria a considerar apenas três possíveis qualidades de Jesus (mentiroso, lunático ou Senhor) quando ainda há uma outra: lenda.

Apologética[]

Como fica visível após uma lida mais cuidadosa do argumento, esta acusação somente possui base quando se ignora (i.e. comete-se a falácia do espantalho) o contexto no qual ela está inserido, i.e. que se trata de um argumento para a divindade de Jesus voltado apenas para pessoas que acreditam no que a Bíblia diz, incluindo que o que está registrado na Bíblia como palavras de Jesus é verdadeiro.


Notas

  1. Dito "informais" porque ele, aparentemente, não os publicou querendo que fosse um argumento para a existência de Deus (ou ainda para a divindade de Cristo), mas simplesmente para mostrar que assumir que Jesus foi apenas um líder moral é incorreto.

Referências

  1. 1.0 1.1 1.2 Página na wikipedia anglófona.
  2. Veja a utilização deste nome na página da Wikipedia inglesa, por exemplo: [1]
  3. Lewis, C.S., Mere Christianity, London: Collins, 1952, p54-56. (In all editions, this is Bk. II, Ch. 3, "The Shocking Alternative.") Forty years earlier, G. K. Chesterton used a similar argument about someone else in his The Napoleon of Notting Hill (1904), where Adam Wayne is described this way: "He may be God. He may be the Devil. But we think it more likely as a matter of human probability that he is mad." See Cecil Chestrton, G. K. Chesterton: A Criticism (Seattle: Inklng, 2007), 26.
  4. Liar, Lunatic or Lord (em inglês). Iron Chariots Wiki.



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