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O argumento do paganismo em Jesus (ou argumento dos paralelos mitológicos em Jesus) é um dos principais argumentos levantados pelos defensores da Hipótese do Cristo Mitológico em sua defesa de que Jesus, mesmo como uma figura histórica não-divina, sequer existiu. De acordo com este argumento, a história de Jesus é o resultado de uma união de várias lendas presentes em histórias pagãs mitológicas e, neste caso, comprova que a história de Jesus é inteiramente produto de ficção.

Exposição[]

A formulação básica do argumento pode ser como as duas maneiras que seguem:

  1. Vários trechos da história de Jesus são paralelos a mitos pagãos.
  2. Logo, a história de Jesus é um mito.
  3. Logo, Jesus nunca existiu.
  1. Se há paralelos, então está provado que a história de Jesus foi "pegada emprestada".
  2. Há paralelos.
  3. Logo, está provado que a história de Jesus foi "pegada emprestada".[1]
  4. Mas se a história de Jesus foi "pega emprestada", então ela não é original.
  5. Logo, a história de Jesus não é original.
  6. Logo, pode-se concluir que Jesus nunca existiu.

A versão mais completa do argumento pode ser esquematizada como segue:

  1. Se a história de Jesus é um mito, então Jesus nunca existiu.
  2. Se a história de Jesus é derivada de mitos pagãos, então a história de Jesus é um mito.
  3. Vários trechos da história de Jesus são paralelos a mitos pagãos.
  4. Logo, a história de Jesus é derivada de mitos pagãos.
  5. Logo, a história de Jesus é um mito.
  6. Logo, Jesus nunca existiu.

A hipótese de paralelos foi inicialmente proposta há mais de cem anos por uma escola de história, mas pouco tempo depois ela se desintegrou.[2] As razões apontadas para sua queda foi a conclusão de que os ditos paralelos simplesmente não existiam e que não havia motivo para supor que os judeus admitiram as histórias pagãs, vistas por eles como blasfemas, como parte de seu sistema de crença.[2]

Atualmente a hipótese do Cristo mitológico vem sendo re-defendida por muitos autores populares, como G. A. Wells[3] e Acharya S,[4][5] e alguns poucos historiadores.

Defensores da hipótese como Acharya S alegam que seus materias até hoje não foram refutados.[4]

Avaliação[]

Para que o argumento dos paralelos mitológicos em Jesus pudesse dar certo, certos requerimentos precisariam estar garantidos, dentre os quais se destacam:

  1. A existência de um paralelo aceitável.
  2. Evidência de que a história mitológica existia antes dos tempos da história de Jesus.
  3. Evidência de que a história mitológica estivesse presente na Palestina durante o primeiro século e fosse de tal forma influente que poderia ter influenciado os judeus (i.e. um culto pequeno e limitado não seria suficiente).
  4. Uma ou mais razões para aceitar-se que a história mitológica teria influenciado os autores judeus que teriam fabricado a história de Jesus.

A exigência de que um paralelo se enquadre em todos os aspectos acima é mais do que razoável, pois somente na presença de todos é que se poderia ter alguma confiabilidade legítima da possibilidade de cópia.

  • No primeiro caso, é necessário que o paralelo seja ao menos distinguível, e não algo completamente abstrato que dificilmente um grupo de judeus iria manipulá-lo para se adequar e vir a ser a história de Jesus. Por exemplo, uma história mitológica hipotética de uma minhoca que, sob o sol escaldante, para de caminhar e cai como morta sobre o chão, mas é logo acudida por um agricultor que joga água sobre ela, aliviando a sua dor e fazendo a minhoca se levantar e ter novas forças para escavar e continuar a sua vida não é um paralelo razoável para a ressurreição. Por outro lado, a história [hipotética] de "um homem que se proclamava divino e foi perseguido por seus líderes religiosos por suas alegações, acabou sendo fortemente machucado e verificavelmente morto pelo pior método de morte da época, e três dias depois ressuscitou, vindicando com este ato a veracidade de suas palavras e tendo profetizado que tudo isso iria acontecer algum tempo antes do evento" é um paralelo razoável para a ressurreição de Jesus.
  • Semelhantemente, não basta haver um paralelo cujas evidências de existência sejam posteriores à da história de Jesus. Por exemplo, é notório a existência de certos paralelos entre a parte final da história do bruxo fictício Harry Potter e a vida de Jesus (notoriamente a Sua morte e ressurreição), sabendo-se que a história de Potter é fictícia. Todavia, isso não é razão para se crer que a história de Jesus foi, portanto, copiada da história de Potter, e isso pelos simples fato da história de Jesus ter vindo antes da de Potter.

Todavia, muitos dos alegados paralelos mitológicos não estão de acordo com tais critérios. Por exemplo, muitas das histórias de ressurreição não se enquadram no primeiro critério, pois sequer são histórias de ressurreição propriamente ditas. Mesmo nos casos onde algo mais parecido com ressurreição esteja presente, tal evento não ocorre no mesmo sentido de ressurreição daquele empregado na ressurreição de Jesus. Em outros casos, como na ressurreição de Dionísio, a história alegadamente paralela apareceu na religião pagã depois da história cristã, o que indicaria que aquela é que é uma cópia desta. Em outros casos, a religião não passava de um culto pouco difundido que dificilmente teria sido forte o suficiente para influenciar os evangelistas, como é o caso do Mitraísmo, que só fortaleceu-se como uma religião marcante muito tempo depois dos eventos relatados nos Evangelhos. Finalmente, todos os paralelos falham no momento em que seus defensores não apresentam razões específicas para os judeus terem aceito tais histórias pagãs, tidas por eles como inaceitáveis.

Escrevendo de outra forma:

  • Dados incorretos e sem evidências: Muitas das alegações feitas pelos defensores da hipótese são sabidamente erradas,[6] o que inibe qualquer relação entre Jesus e o paganismo. Além disso, há uma completa ausência de evidências históricas antigas que apontem para os dados alegados.[6] Como o Dr. Chris Forbes observou, "o que há é autores citando outros autores que citam outros autores mas, no final, não há evidência antiga".[6]
  • Ausência de toque: Muito embora tenha havido a presença de algumas religiões pagãs na Palestina durante o primeiro século (em especial a mitologia romana), as evidências mostram que tais religiões não exerciam influência sobre os judeus.[2]
  • Ausência de paralelos: Não há paralelos de ressurreição nas religiões grego-romanas presentes na Palestina durante o primeiro século[2] e não há motivos suficientes para crer que as religiões pouco influentes da época (e.g. mitologia egípicia) teriam alguma presença efetiva na Palestina.
  • Incoerências: A hipótese também apresenta certas incoerências. Por exemplo, sabe-se que os judeus da época eram zelosos pela Lei de Moisés - em especial os farizeus - e que, muito embora consicentes da presença destes mitos, para eles estes eram blasfemos,[2] o que inviabiliza a alegação de que Paulo, um judeu zeloso, teria se convertido a uma religião derivada de mitos pagãos rejeitados pela comunidade judaica.
  • Explicação para a falta de acusação por parte dos judeus: É de se esperar que, caso a história de Jesus tivesse sido forjada a partir de mitos pagãos, os judeus críticos do Cristianismo como os farizeus teriam manifestado tal crítica, o que é um dado inexistente.
  • Non-sequitur: Mesmo que tais paralelos fossem legítimos, o máximo que seria cabível concluir, ignorando-se os pontos acima, é que a história de Jesus como "propagandeada" pelos discípulos é falsa, i.e. Jesus nunca nasceu de uma virgem, ou ressuscitou dentre os mortos, sendo que todas as histórias paralelas não passagem de incremento divino dado por seu seguidores a ele - um processo chamado "apoteose", relativamente comum na literatura religiosa. Todavia, isso não significa que sequer um Jesus histórico, um carpinteiro que tenha sido um grande mestre moral, tenha existido - o que é a pretenção do argumento quando usado por alguns de seus defensores.

Outras críticas[]

  • Estrutura potencialmente inválida: Allan Di Donato observa que a estrutura lógica presente no segundo silogismo e que constitui uma maneira de estruturar o raciocínio do argumento é falaciosa. De acordo com Donato, se a primeira premissa ("Se há paralelos, então está provado que a história de Jesus foi "pegada emprestada".") fosse verdadeira, então seu oposto também o seria ("Se a história de Jesus foi "pega emprestada", então haverá paralelos"), o que seria falso.[1]

Conclusão[]

Mesmo que Jesus tivesse muita similaridade com mitos pagãos, isso não significaria que Ele é uma cópia deles, muito menos que Ele nunca existiu. Outras explicações seriam perfeitamente plausíveis, tanto explicações naturalistas (e.g. coincidência, ou que tais paralelos são normais e esperados dado o contexto da questão) quanto sobrenaturalistas (e.g. Lúcifer pode ter influenciado os pagãos a criarem seus mitos a fim de confundir os descrentes e fazê-los com que não se convertessem. No caso deste exemplo, negar a possibilidade deste evento é desconsiderar a existência de Lúcifer, tornado-se uma falácia de petição de princípio, ou não apresentar provas contrárias a tal alegação.)

A hipótese dos paralelos também é mal-defendida no que diz respeito à análise dos argumentos contrários, diante da qual ela também fracassa. Em outras palavras, não só é o caso que a defesa dos paralelos é ruim, como também a crítica dos argumentos contrários é insuficiente.

A alegação de que o trabalho dos defensores deste argumento não foi refutado até o presente momento é ineficaz, pois a maioria dos defensores desta hipótese são leigos e é perfeitamente plausível que poucos historiadores decidam gastar seu tempo analisando de forma precisa e detalhada um material de caráter conspiratório, justificadamente digno de pouco crédito e leigo (veja a página sobre o argumento da inexistência de Jesus para mais detalhes).

Conclui-se que o fato desta hipótese ser muito difundida entre leigos mas pouco aceita entre profissionais é uma consequência natural e esperada da falta de credibilidade que ela detém, bem como indício da sua fraqueza. Atualmente pode-se dizer com segurança que Jesus existiu.[6][7]

Veja também[]

Referências

  1. 1.0 1.1 104. Do Parallel Beliefs Debunk Christianity? (em inglês). Estrelando Allan Di Donato. Publicado no YouTube por oneminuteapologist em 19/05/2011. Visualizado em 24 de maio de 2011. Duração: 2:11.
  2. 2.0 2.1 2.2 2.3 2.4 Did Greco-Roman myths influence the Gospel accounts of the resurrection of Jesus (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Publicado no YouTube por mindquest1 em 14 de setembro de 2010. Visualizado em 3 de dezembro de 2010.
  3. Retirado de George Albert Wells na Wikipédia anglófona (em inglês). Página acessada em 7 de abril de 2011.
  4. 4.0 4.1 ZEITGEIST, Part 1 (Religion) Debunked? Acharya Responds (em inglês). Estrelando Acharya S. Publicado no YouTube por spaceagebachelor em 09/05/2008. Visualizado em 7 de abril de 2011. Duração: 10:00.
  5. Retirado de Acharya S na Wikipédia anglófona (em inglês). Página acessada em 7 de abril de 2011.
  6. 6.0 6.1 6.2 6.3 Dr. Chris Forbes on Zeitgeist part 1 (em inglês). Estrelando Chris Forbes. Publicado no YouTube por jpcampbell74 em 05/08/2010. Visualizado em 6 de abril de 2011. Duração: 7:03.
  7. Do Historians Believe Jesus Existed? (em inglês). Estrelando Bart EhrmanWilliam Lane Craig, et. al.. Publicado no YouTube por 52blades em 27/12/2010. Visualizado em 5 de abril de 2011. Duração: 6:05.


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